Assim como todas as áreas da Odontologia, a Implantodontia passou por diversos avanços com o tempo. Ao ingressar nessa especialidade, há 27 anos, os procedimentos ainda eram rudimentares, não havia recursos digitais e toda a tecnologia que dispomos hoje. Utilizávamos apenas as radiografias, sem tomografias ou cirurgias guiadas, hoje tão comuns.
Outro ponto a ser ressaltado é que os implantes possuíam um formato um pouco diferente e suas técnicas de instalação eram mais invasivas; cada cirurgia para a instalação de implantes e confecção de próteses imediatas eram muito cansativas e estressantes tanto para os pacientes quanto para os profissionais. Além disso, não havia o cuidado com os tecidos moles, como temos hoje. Então, os resultados funcionais e estéticos eram, muitas vezes, insatisfatórios.
Cirurgia guiada: um grande avanço da Implantodontia
Os antigos guias cirúrgicos, feitos de resina acrílica a partir dos modelos de diagnóstico dos pacientes, sempre foram uma eficaz ferramenta para o posicionamento do implante no que diz respeito à emergência protética, prevendo a posição originária de cada dente no ato cirúrgico. O advento da cirurgia totalmente guiada, no entanto, modificou a Implantodontia e facilitou muito o trabalho dos profissionais, trazendo para o ato cirúrgico não somente a referência do posicionamento do implante, mas a precisão de sua relação com as estruturas anatômicas adjacentes.
Comecei a usar a cirurgia guiada há 14 anos. E foi uma longa curva de aprendizado que eu e a Ariádene percorremos até aqui, hoje, quando temos a segurança em sua indicação. Passamos mais tempo na frente do computador, estudando e planejando, para viabilizar um procedimento cirúrgico-protético mais confortável para todos.
Preocupação com os detalhes
Com a maior exigência estética por parte do paciente veio também uma benéfica preocupação com a correção dos tecidos periodontais e peri-implantares. Inúmeras técnicas de enxertia surgiram. Algumas caíram em desuso, outras permanecem. A cada dia, novas possibilidades de tratamento e aprimoramento estético fazem parte do nosso arsenal de ferramentas. E, apesar de terem surgido muitos biomateriais, que nos auxiliam muito em alguns tratamentos, o enxerto ósseo autógeno e o enxerto de tecido conjuntivo autógeno são a melhor escolha para a maioria das situações clínicas, tanto no que diz respeito aos resultados biológicos a longo prazo, quanto aos resultados estéticos.
Infraestrutura e equipe multidisciplinar são fundamentais
Quanto à parte estrutural muitas mudanças também aconteceram. Hoje tenho a possibilidade de trabalhar em um centro cirúrgico especificamente montado para a atuação com cirurgias odontológicas, o que não existia na época. É possível oferecermos mais conforto ao paciente, por ter tudo ao seu dispor dentro da clínica, sem contar que há um controle de infecção muitas vezes superior ao hospitalar.
Ter o espaço físico adequado viabiliza o trabalho de uma equipe maior. Afinal, não é possível fazer tudo sozinho! Uma equipe multidisciplinar atuando em conjunto é o sonho de qualquer profissional e, sem dúvida, é a maneira ideal de atuação. Ao longo desses anos também tive o privilégio de fazer parte de uma equipe maravilhosa, que foi crescendo conforme as necessidades foram se apresentando. É gratificante, pois aprendemos juntos a cada dia, já que cada um contribui com sua parcela do conhecimento da odontologia. Essa, creio eu, deve ter sido a mudança mais significativa da odontologia nos últimos anos: a visão multidisciplinar.
Eu, particularmente, vivo hoje um intercâmbio constante com profissionais que também circulam dentro da clínica, nos grupos de estudo, cursos, e no acompanhamento de pacientes que vem de diversas partes do Brasil e até fora dele. É uma oportunidade fantástica! Esse dinamismo traz a certeza de que nunca sabemos tudo e que ainda há muito para conhecer e aprender.